5 Técnicas de Compostagem em Casa para Reduzir o Lixo e Nutrir seu Jardim
por pmvs ·

Introdução à Compostagem Doméstica
A compostagem doméstica é uma das formas mais inteligentes e sustentáveis de reaproveitar resíduos orgânicos em casa.
Em vez de jogar restos de comida, cascas de frutas, legumes e folhas secas no lixo, você pode transformar tudo isso em um poderoso adubo natural para suas plantas. E o melhor: com técnicas simples e acessíveis, que se adaptam a qualquer tipo de espaço — desde quintais grandes até varandas de apartamento.
A verdade é que muito do que chamamos de lixo não deveria sequer sair da nossa casa. Segundo dados ambientais, cerca de 50% do lixo produzido nas residências brasileiras é orgânico, ou seja, poderia ser compostado.
Além de reduzir o volume de resíduos enviados para os aterros sanitários (que já estão sobrecarregados), a compostagem ajuda a melhorar a qualidade do solo e diminuir a emissão de gases como o metano, altamente poluente.
Mais do que uma técnica de reciclagem, a compostagem é um gesto de cuidado com o planeta. É a natureza nos mostrando que tudo tem um ciclo, inclusive o que descartamos.
Se você quer economizar com fertilizantes, reduzir sua produção de lixo e ainda ter um jardim mais bonito e saudável, aprender a compostar é o primeiro passo. Vamos conhecer as 5 principais técnicas de compostagem doméstica que você pode adotar agora mesmo?

Técnica 1 – Compostagem Tradicional em Pilhas

O que é e como funciona
A compostagem em pilhas é a forma mais tradicional de fazer adubo orgânico em casa.
Bastante usada por quem tem quintais maiores, ela consiste basicamente em reunir os resíduos orgânicos em uma pilha no chão ou em um recipiente aberto. Ao longo do tempo, com a ação de microorganismos e aeração, o material vai se decompondo até virar um composto escuro, rico em nutrientes e ótimo para as plantas.
Essa técnica é simples e exige poucos recursos. Você só precisa reservar um espaço sombreado no quintal, longe de animais de estimação ou acesso direto à chuva.
As pilhas devem ser feitas alternando camadas de resíduos “verdes” (ricos em nitrogênio, como restos de frutas e legumes) e resíduos “marrons” (ricos em carbono, como folhas secas, papel picado e serragem).
Como montar sua pilha de compostagem passo a passo
Escolha o local: Prefira um espaço com sombra e boa drenagem.
Prepare a base: Coloque galhos secos ou folhas grossas para ajudar na ventilação.
Adicione os resíduos: Intercale camadas verdes e marrons. Evite colocar carnes, laticínios e alimentos muito temperados.
Revire a pilha semanalmente: Isso ajuda a oxigenar o material e acelerar a decomposição.
Controle a umidade: A pilha deve estar úmida como uma esponja espremida, nem seca nem encharcada.
Tempo de compostagem: De 2 a 4 meses, dependendo das condições climáticas e da frequência de revolvimento.
Essa técnica é excelente para quem tem espaço e quer produzir grandes quantidades de composto. Além disso, ela permite observar de perto o processo natural da decomposição, o que pode ser educativo e gratificante.
Técnica 2 – Compostagem em Caixas ou Baldes

O método ideal para pequenos espaços
Se você mora em apartamento ou não tem muito espaço no quintal, a compostagem em caixas ou baldes é uma alternativa prática, barata e eficiente. Também chamada de “compostagem em recipiente fechado”, esse método permite controlar melhor o processo e evitar o aparecimento de insetos ou mau cheiro.
A ideia é simples: usar recipientes com tampa e furos para permitir a aeração e drenagem. Você pode utilizar baldes plásticos reciclados, caixas organizadoras ou até mesmo composteiras prontas vendidas em lojas de jardinagem. O segredo está na proporção correta entre resíduos úmidos (restos de comida) e secos (folhas secas, papel picado), além da boa ventilação.
Materiais necessários e manutenção
2 ou 3 baldes ou caixas plásticas com tampa
Furos na lateral e na tampa para ventilação
Jornal ou serragem para controle de umidade
Recipiente inferior para captar o chorume (líquido orgânico)
Passo a passo:
Faça furos nos baldes para entrada de ar.
Comece com uma camada de material seco (papel picado, serragem).
Acrescente os resíduos orgânicos e cubra com mais material seco.
Feche a tampa e mantenha a composteira em local arejado.
A cada 3 dias, mexa o conteúdo com uma pá ou colher de pau.
Em 60 a 90 dias, o composto estará pronto para uso.
É uma técnica versátil, ideal para iniciantes. Além disso, com dois ou três baldes em rotação, você garante compostagem contínua e sem interrupções. E o melhor: sem bagunça e sem odores desagradáveis.
Técnica 3 – Vermicompostagem (Compostagem com Minhocas)

Vantagens da compostagem com minhocas
A vermicompostagem é uma técnica incrivelmente eficiente e, ao mesmo tempo, fascinante. Ela utiliza minhocas californianas (Eisenia fetida), que se alimentam dos resíduos orgânicos e os transformam em um húmus extremamente rico e fértil. O resultado é um adubo de altíssima qualidade, muito superior ao composto comum.
Uma das grandes vantagens da vermicompostagem é a velocidade. Com a ajuda das minhocas, o processo de decomposição é acelerado, e você pode obter adubo pronto em até 30 dias. Além disso, essa técnica gera dois subprodutos valiosos: o húmus (sólido) e o biofertilizante líquido, que pode ser diluído em água e usado para regar plantas.
Como montar uma composteira com minhocas californianas
Você vai precisar de:
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3 caixas empilháveis com tampa (pode ser plástico resistente)
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Minhocas californianas (adquiridas em lojas especializadas ou com produtores)
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Restos de comida orgânica e materiais secos
Montagem:
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No primeiro balde, faça furos na base para a drenagem do líquido.
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No segundo, adicione terra, folhas secas e as minhocas.
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Comece alimentando as minhocas aos poucos com frutas, legumes e borra de café.
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Mantenha o ambiente úmido, mas sem encharcar.
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Feche com a tampa e evite deixar em locais muito quentes ou sob o sol direto.
Cuide bem das suas minhocas: elas são sensíveis a temperaturas extremas e certos alimentos como alho, cebola e cítricos. Com o tempo, você vai perceber que elas se multiplicam e o sistema se torna autossustentável.
Técnica 4 – Compostagem em Tambor Giratório

Como funciona o tambor de compostagem
A compostagem em tambor giratório é uma solução moderna e prática, ideal para quem busca eficiência e organização. O tambor de compostagem é um recipiente fechado montado em um suporte giratório, o que facilita a aeração e acelera o processo de decomposição. Basta girar o tambor algumas vezes por semana para misturar os materiais, dispensando o uso de ferramentas como pás ou garfos.
Esse sistema mantém a compostagem longe do solo, reduzindo a atração de roedores e insetos. Além disso, por ser fechado, controla melhor odores e temperatura, criando um ambiente ideal para a ação dos microrganismos. O tambor pode ser feito de plástico ou metal, e muitos modelos vêm com compartimentos duplos, permitindo que uma parte do composto esteja em decomposição enquanto a outra já está pronta para uso.
Passos para iniciar e manter o tambor
Escolha o tambor ideal: Pode ser comprado pronto ou feito com reaproveitamento de bombonas plásticas.
Coloque o tambor sobre um suporte giratório: Isso facilita a movimentação do conteúdo interno.
Comece com resíduos marrons (secos): Papel, folhas secas, aparas de grama secas.
Adicione resíduos verdes (úmidos): Restos de vegetais, frutas, borra de café, cascas de ovos.
Gire o tambor 2-3 vezes por semana: Isso mistura o material e acelera a compostagem.
Controle a umidade: Se estiver seco, adicione um pouco de água; se estiver muito úmido, aumente o material seco.
Tempo de compostagem: Cerca de 4 a 6 semanas, dependendo das condições.
Essa técnica é especialmente indicada para quem busca praticidade. Com pouco esforço, você pode gerar um adubo de alta qualidade para hortas e jardins. Além disso, a mobilidade do tambor permite posicioná-lo em diferentes locais, aproveitando melhor o espaço e a luz solar.

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Técnica 5 – Bokashi: Fermentação de Resíduos Orgânicos

O que é a compostagem Bokashi
Diferente das técnicas tradicionais de compostagem, o Bokashi é um processo anaeróbico (sem oxigênio) de fermentação dos resíduos orgânicos, utilizando farelos enriquecidos com micro-organismos eficientes (EM). Desenvolvido no Japão, esse método é extremamente eficaz, mesmo em pequenos espaços, e permite a compostagem de alimentos que normalmente são evitados em outros sistemas, como carnes, peixes e alimentos cozidos.
O Bokashi não produz cheiro desagradável e é ideal para quem mora em apartamento. Além disso, gera um biofertilizante líquido poderoso e um material fermentado que pode ser enterrado no solo, acelerando sua conversão em húmus.
Como preparar e usar o farelo Bokashi
Você vai precisar de:
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Balde com tampa hermética
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Farelo Bokashi (pode ser comprado pronto ou feito com farelo de arroz, melaço e EM)
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Restos orgânicos diversos (inclusive carnes, ossos e alimentos cozidos)
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Papel toalha ou filtro de café para cobrir os resíduos
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Recipiente para captar o líquido resultante
Passo a passo:
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Adicione uma camada de resíduos no fundo do balde.
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Cubra com uma fina camada de farelo Bokashi.
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Pressione com uma espátula para retirar o ar e tampe bem.
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Repita esse processo até encher o balde.
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Deixe o balde fechado por duas semanas para fermentar.
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Escorra o líquido (biofertilizante) a cada 2 ou 3 dias e dilua em água antes de usar nas plantas.
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Após a fermentação, enterre o material sólido em vasos ou jardins para completar a compostagem.
O Bokashi é rápido, eficiente e permite compostar resíduos que normalmente não iriam para a composteira. Ele também é ótimo para revitalizar solos empobrecidos, sendo uma excelente opção para quem quer ir além do básico na compostagem doméstica.
Dicas Práticas para Melhorar sua Compostagem
O que pode e o que não pode ir para a composteira

Saber o que colocar na composteira é essencial para evitar odores fortes, atrair animais e comprometer o processo. Veja o que é permitido:
Pode colocar:
Restos de frutas e legumes
Cascas de ovos
Borra de café e filtros de papel
Saquinhos de chá sem grampo
Folhas secas, papel picado, serragem
Pedaços de papelão
Evite colocar:
Carne, peixe, laticínios (exceto no Bokashi)
Óleo de cozinha
Fezes de animais
Alimentos cozidos (exceto no Bokashi)
Plantas doentes ou com sementes invasoras
Manter esse equilíbrio ajuda a compostagem a seguir seu curso natural, sem surpresas desagradáveis.
Como evitar mau cheiro e pragas
Se sua composteira está fedendo ou atraindo moscas, é sinal de que algo está errado. Normalmente, isso ocorre por excesso de resíduos úmidos ou falta de material seco.
Dicas para evitar isso:
Sempre cubra os resíduos úmidos com uma camada de matéria seca.
Mantenha a composteira aerada (no caso das pilhas e baldes).
Use telas ou tampas para impedir a entrada de insetos.
Não adicione alimentos temperados ou muito gordurosos.
Mexa o composto semanalmente para oxigenar.
Com esses cuidados simples, sua compostagem será limpa, eficiente e sem contratempos.
Compostagem em Ambientes Urbanos
Adaptações para apartamentos e casas pequenas

Quem disse que compostar só é possível no campo? Mesmo em apartamentos ou casas sem quintal, dá para fazer compostagem — e com ótimos resultados! Existem modelos de composteiras compactas e fechadas que cabem em cozinhas, varandas ou áreas de serviço.
Dicas práticas:
Use composteiras empilháveis com minhocas (vermicompostagem).
Aposte no sistema Bokashi, que ocupa pouco espaço e é livre de odores.
Reserve um cantinho ventilado, longe do calor excessivo.
Utilize caixas de plástico com furos ou baldes adaptados.
Iniciativas comunitárias de compostagem
Muitas cidades já contam com programas de compostagem comunitária, onde os moradores levam seus resíduos orgânicos para pontos de coleta. O material é processado por ONGs ou cooperativas e retorna à comunidade como adubo para hortas urbanas.
Participar dessas iniciativas é uma excelente forma de contribuir para a sustentabilidade local e se conectar com outras pessoas engajadas na causa ambiental.
Usando o composto no seu jardim
Como aplicar o composto no solo
Depois de tanto trabalho, vem a melhor parte: usar o composto! Ele pode ser misturado diretamente na terra de vasos, canteiros e hortas, melhorando a estrutura do solo e fornecendo nutrientes essenciais para as plantas.
Formas de uso:
Misture 1 parte de composto para 2 partes de terra vegetal.
Use como cobertura morta na base das plantas.
Incorpore ao solo na época de plantio.
Faça chá de composto: deixe o adubo em água por 24 horas, coe e use para regar.
Benefícios visíveis nas plantas
Ao aplicar o composto regularmente, você vai perceber:
Folhas mais verdes e resistentes
Maior produção de frutos e flores
Redução de pragas e doenças
Crescimento acelerado das plantas
Solo mais macio, úmido e com vida
É um ciclo virtuoso: da cozinha para o jardim, e do jardim para uma vida mais verde e sustentável.
Conclusão: Transforme lixo em vida
Recapitulação dos métodos
Chegamos ao fim dessa jornada pela compostagem doméstica, e o que vimos até aqui é que transformar lixo em vida é totalmente possível — e até mais fácil do que muita gente imagina. Apresentamos cinco técnicas eficazes para diferentes espaços, níveis de conhecimento e disponibilidade de tempo:
Compostagem em pilhas – ideal para quintais espaçosos e quem gosta do método tradicional.
Compostagem em caixas ou baldes – perfeita para apartamentos e casas pequenas.
Vermicompostagem – para quem busca velocidade e adubo de alta qualidade.
Tambor giratório – uma opção prática e moderna com pouco esforço físico.
Bokashi – o método fermentativo que permite compostar até alimentos cozidos e carnes.
Cada uma dessas técnicas tem seus pontos fortes e pode ser adaptada ao seu estilo de vida. Não existe uma “melhor” compostagem universal, mas sim aquela que melhor se encaixa na sua rotina.
Como começar hoje mesmo
A compostagem começa com uma decisão simples: separar os resíduos orgânicos do restante do lixo. A partir daí, você pode montar seu próprio sistema com itens que já tem em casa ou investir em uma composteira pronta. O importante é dar o primeiro passo.
Lembre-se: cada casca de banana ou resto de salada que você transforma em adubo é um ato de resistência contra o desperdício e um presente para o meio ambiente. Comece pequeno, aprenda com os erros e celebre cada punhado de composto produzido. Afinal, compostar é mais do que uma prática ecológica — é uma forma de reconectar com a natureza no dia a dia.
FAQS
1. Compostagem atrai insetos?
Sim, se feita incorretamente. O segredo é cobrir os resíduos com matéria seca e manter o ambiente bem ventilado. Isso evita odores e insetos.
2. Posso fazer compostagem na varanda do apartamento?
Claro! Use baldes fechados, composteiras empilháveis ou o sistema Bokashi. Todos são ideais para espaços pequenos e sem cheiro.
3. Quanto tempo leva para virar adubo?
Depende da técnica usada. Com minhocas, leva cerca de 30 a 45 dias. Em pilhas ou baldes, entre 2 a 4 meses. O Bokashi leva cerca de 15 dias para fermentar e mais algumas semanas no solo.
4. Qual técnica é melhor para iniciantes?
A compostagem em baldes ou o Bokashi são ótimas para iniciantes, pois exigem menos manutenção e têm menos risco de erro.
5. É possível compostar no inverno?
Sim, mas o processo pode ser mais lento por conta das temperaturas mais baixas. Usar minhocas ou manter a composteira em local abrigado ajuda bastante.
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